segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Saudades

Eram casados há um bom tempo. Faziam tudo juntos. Viajavam, trabalhavam, passeavam, pegavam carona um com o outro. Aproveitavam ao máximo as chances que tinham para se ver. Quando cada um fazia suas coisas separadamente, davam um jeito de voltarem mais cedo para casa e ficarem juntos.

Eles se amavam. Um dia, houve uma oportunidade de viajarem separados. Não era a primeira vez que isso acontecia, mas fazia muito tempo que não tinham um momento como este. No começo ela ficou um pouco insegura, não achando muita graça na idéia. Depois, foi se acostumando com o assunto e passou a gostar da situação.

Daí para criar ansiedade foi um pulinho: Vou passar a tarde no shopping sem dar satisfações. Vou passar na casa da Rô. A Ro era uma amiga de escola, que havia se separado e não se casou novamente. As duas sempre se identificaram. Podiam ficar anos sem se ver ou se falar, que, quando se reencontravam, era como se nunca tivesse tido uma pausa na convivência entre as elas.

Ir ao cinema sozinha também era uma deliciosa aventura. Ou ficar na academia sem prestar atenção no relógio. Naqueles dias, o mundo era só dela. Começou a tarde no shopping, e, antes de almoçar no América, passou na livraria para comprar um livro. Quem sabe o livro novo do Fernando Pessoa. Como não havia chegado, comprou a contra-gosto Crepúsculo, da estreante Sthephenie Meyer.

Tudo parecia estar correndo perfeitamente bem. As horas foram passando e ela não se deu conta de que já era noite. O cinema ficou para outra hora, encontrar-se com a Rô deu preguiça, a academia estava vazia e chata. Depois de tantos planos, ela voltou para casa, apressadamente, na esperança de que o telefone tocasse e fosse ele, confessando, mais uma vez, sentir saudades.

3 comentários:

Claudia disse...

Oi, Patrícia.

Seu novo blog ficou muito legal. Gostei bastante. Agora eu sei quando você entra no meu blog, e já vi que não entrou. Então, pode fazer o favor de me visitar, viu. :o)

Beijos,
Claudia

Lu Faria dos Anjos disse...

Olá Patricia,

Gostei do novo visual e também do texto; mostra que, por mais liberdade que se tenha, é sempre bom ter alguém que sinta saudade de nós, não é mesmo?
Parabéns,
Um beijo
Lu Faria
Libélula

Laura Fuentes disse...

Apenas hábito, costume? Ou será que amor antigo é isso mesmo, apenas essa doce saudade\? Seu texto faz pensar.