domingo, 19 de outubro de 2008

D. Ruth

Eu ando meio sem assunto. Aliás, aquela inspiração toda do primeiro módulo sumiu. Mas, ela já volta. Enquanto isso, fico aqui pensando na d. Ruth Cardoso e no FHC. Ontem, quando entrei na Internet, à noite, dei de cara com a notícia de sua morte. Fiquei triste. Bem triste. Eu gostava dela. Do casal, na verdade.

Eu sempre imaginei ela de camisolinha de babado, à noite, preparando-se para dormir, o FHC já debaixo dos lençóis, lendo na cama, com os óculos na ponta do nariz, esperando por ela. Ela, terminando de passar os cremes no rosto, nas mãos, sentando à beira da cama, tirando os chinelos, dizendo: - Esse rapaz que o substituiu está abusando da confiança dos brasileiros. (ela tinha o português impecável) E o FHC respondendo: -grhn.

- Nando, meu bem, no seu tempo não se falava tanto em pizza.
- grhn.
- Você não acha que está na hora de voltar para moralizar um pouco essa história, salvar ao menos o nome do partido... por falar nisso, a empregada não pregou o botão da sua camisa hoje. Amanhã, você vai ter de usar aquela branca que separei.
- grhn.
- Lembra quando as crianças eram pequenas? Ah! aqueles tempos no Chile! Não dá nem para acreditar! Tanto esforço por nada! A gente até comia empanada, mas pizza nunca. Amor, diz alguma coisa.
- grhn.
- Sabe, acho que vou fazer uma visitinha em alguma favela amanhã. Se você não fosse tão famoso eu o convidaria para ir comigo. Mas não dá. Seria um reboliço danado.
- grhn.
- Beim, vai mais um pouquinho pra lá, você está no meio da cama.
- grhn.
- Não tanto, hoje está frio...

É realmente com tristeza que penso na morte dela. Se o FHC conseguir dormir hoje, vai encontrar uma cama fria. Se não for nesta noite, será na próxima. D. Ruth tinha a mesma idade de minha mãe. Eu realmente sinto muito.

Nenhum comentário: