Eu ando meio sem assunto. Aliás, aquela inspiração toda do primeiro módulo sumiu. Mas, ela já volta. Enquanto isso, fico aqui pensando na d. Ruth Cardoso e no FHC. Ontem, quando entrei na Internet, à noite, dei de cara com a notícia de sua morte. Fiquei triste. Bem triste. Eu gostava dela. Do casal, na verdade.
Eu sempre imaginei ela de camisolinha de babado, à noite, preparando-se para dormir, o FHC já debaixo dos lençóis, lendo na cama, com os óculos na ponta do nariz, esperando por ela. Ela, terminando de passar os cremes no rosto, nas mãos, sentando à beira da cama, tirando os chinelos, dizendo: - Esse rapaz que o substituiu está abusando da confiança dos brasileiros. (ela tinha o português impecável) E o FHC respondendo: -grhn.
- Nando, meu bem, no seu tempo não se falava tanto em pizza.
- grhn.
- Você não acha que está na hora de voltar para moralizar um pouco essa história, salvar ao menos o nome do partido... por falar nisso, a empregada não pregou o botão da sua camisa hoje. Amanhã, você vai ter de usar aquela branca que separei.
- grhn.
- Lembra quando as crianças eram pequenas? Ah! aqueles tempos no Chile! Não dá nem para acreditar! Tanto esforço por nada! A gente até comia empanada, mas pizza nunca. Amor, diz alguma coisa.
- grhn.
- Sabe, acho que vou fazer uma visitinha em alguma favela amanhã. Se você não fosse tão famoso eu o convidaria para ir comigo. Mas não dá. Seria um reboliço danado.
- grhn.
- Beim, vai mais um pouquinho pra lá, você está no meio da cama.
- grhn.
- Não tanto, hoje está frio...
É realmente com tristeza que penso na morte dela. Se o FHC conseguir dormir hoje, vai encontrar uma cama fria. Se não for nesta noite, será na próxima. D. Ruth tinha a mesma idade de minha mãe. Eu realmente sinto muito.
Casa nova
Há 14 anos
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