sábado, 20 de junho de 2009

Roque

Roque era um menino parecido com os outros meninos, mas não era igual aos outros meninos. Roque tinha cabelos compridos compridos. Mas não eram compridos até a cintura. Os cabelos de Roque eram compridos para cima e para os lados. Às vezes Roque ficava um tempão sem cortar os cabelos e os cabelos de Roque encostavam no teto e nas paredes.

Roque adorava escutar música. Roque ouvia música o tempo todo. Quando acordava e quando dormia.

Roque ia para a escola. E quando Roque ia para a escola com seus cabelos compridos compridos, escondia um fone de ouvido no meio de seus cabelos e escutava música na escola, porque era proibido escutar música durante as aulas.

Roque não estava nem aí para estas regras. Para ele só interessava escutar música. Música, música, música. Música o tempo todo. E o tempo foi passando e Roque só escutava música.

Enquanto todos os outros meninos e meninas brincavam e estudavam, Roque só escutava música. Roque tinha um motivo para escutar música o tempo todo.

Através da música, Roque podia ir para onde quisesse. Podia ir para a China, para o Japão, para os Estados Unidos, para todos os lugares do mundo!

Um dia, Roque foi para uma floresta. Esta floresta ficava em uma ilha muito longe de sua casa e de sua escola. Quando Roque chegou a esta ilha, começou a explorar o lugar. Andou e andou, sempre com seu fone de ouvido, escutando música.

Encontrou uma aldeia com índios. Eram índios que falavam uma língua estranha e se vestiam de maneira diferente dos índios que ele tinha visto na escola. Ninguém da aldeia percebeu que Roque estava ali. Todo mundo continuou a fazer o que estava fazendo: as mulheres buscavam água em um rio, outras continuavam sentadas conversando, os cachorros que andavam à toa, não farejaram Roque.

Roque achou isso divertido. Mudou a música que estava escutando. Fechou os olhos e logo estava em outro lugar. Era um deserto. Deu de cara com um leão. Roque saiu correndo, de tão assustado que ficou, mas o leão não parecia se incomodar com Roque. Isso era muito engraçado. Roque podia fazer o que quisesse, que ninguém percebia que estava lá.

Roque mudou de música novamente, fechou os olhos e pronto. Logo estava em outro lugar. Roque estava no meio de um baile, com umas mulheres esquisitas, rodopiando de um jeito que ele nunca tinha visto. Suas roupas eram vestidos longos cheios de rendas e fitas esvoaçantes.

Lá de longe, entre as notas musicais, Roque ouviu uma voz: - Roque, Roque... Era como se aquela voz estivesse chamando por ele. Roque abriu os olhos e viu um garoto muito parecido com ele na sua frente. Era Ludovico. Um menino parecido com ele, só que em vez de cabelos compridos até o teto e até as paredes, tinha cabelos compridos quase até o chão. Ludovico também tinha um fone de ouvido escondido no meio dos cabelos.

- Oi, disse Roque.

- Oi, disse Ludovico. – Trouxe uma música nova para você escutar.

Ludovico emprestou um dos fones de ouvido para Roque. Os dois meninos fecharam os olhos e foram para longe da escola novamente. Foi quando que eu os conheci.

3 comentários:

Tiago Bode disse...

Olá Patrícia, tudo bem?

A idéia é muito boa, mas eu acho que você deveria eleiminar toda e qualquer alusão à possibilidade dessas viagens serem fruto da imaginação, ou sonho, como quando o narrador diz "fechou os olhos e...", acho que é possível inserir um elemento mágico que realmente o transporte para outros lugares assim que ele começa a ouvir a música e não apenas uma construção metafórica... fora isso, um ou outro ajuste aqui e ali e tá muito bom! Parabéns pelo trabalho!

Tiago Araújo

Tiago Bode disse...

Olá Patrícia, tudo bem?

Gostei do texto, mas acho que eu eliminaria toda e qualquer possibilidade de essas viagens terem sido sonhos, devaneios, alucinações etc; acho que o grande lance nesse texto seria passar a idéia de que é relamente possível viajar através dde um fone de ouvido - mas não de forma metafórica, como o narrador deixa a entender com frases do tipo "fechou os olhos e..." -, que, aliás, é um puta elemento mágico, possível pra cacete, e muito acessível e instigante pra qualquer um. Fora isso, um ou outro ajuste aqui e ali, e tá resolvido.
Beijos,

Tiago Araújo.

Eliana Mara Chiossi disse...

Patrícia,
visitando aqui... mas seria este mesmo o blogue atual?
Bom te conhecer...
Espero que possamos trocar figurinhas...
Beijos
Eliana